quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Saudações caros leitores:

Queria, antes de tudo, saudar a vocês que por ventura possam ler esta nova coluna.
Primeiro gostaria de me apresentar, sou Thiago Gomes Morani, tenho 20 anos, sou estudante de Direito e militante do Partido Comunista do Brasil. Serei, a partir de hoje, a pessoa que vos falará sobre um tema digamos... um tanto quanto chato... ECONOMIA. Não vou ser mentiroso, ou cometer a fanfarronice de falar “Serei imparcial”, “Não tentarei convencer ninguém de meus pontos de vista”, “Estou aqui para causa o debate e para desconstruir o que foi previamente construído”.
Em suma, estou aqui para tentar, da maneira que achar mais sensata, compartilhar as opiniões sobre o mundo capitalista atual e a realidade econômica, movida mais pela especulação do que pela produção, pelo menos é o que dizem.

ECONOMIA

Primeiro vamos à origem etimológica do termo: O termo economia vem do grego para oikos (casa) e nomos (costume ou lei), daí "regras da casa (lar)”. Também, é necessário salientar a definição de Lionel Robbins sobre o termo "Economia é a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos”. Ou seja, a ciência da escassês.

Diga-se que sobre esse tema, é muito oportuno ter sido chamado para fazer parte deste blog neste momento em que todos falam de crise econômica, de falta de liquidez do mercado, falta de crédito por parte dos Estados Unidos da América, maior potência econômica do mundo capitalista. Mas o que seria tudo isso? Tendo sido incubido desta árdua tarefa pelo criador deste blog, tentarei da melhor maneira possível explicar alguns conceitos e o que está acontecendo no mundo econômico contemporâneo, ou seja, do capitalismo em sua fase neo-liberal.

DA CRISE

Oriunda do latin, o termo crise tem a mesma equivalência da palavra vento. Indica, assim, um estágio de mudança, no qual uma vez trasncorrido diferencia-se do que costumava ser. Não existe possibilidade de retorno aos antigos padrões.
Mais sábia é a definição de crise para os chineses, representada por um mesmo ideograma, esta palavra pode indicar tanto o começo, quanto o fim, algo bom ou ruim.
Diferenciando-se de maneira objetiva do senso comum ocidental de que crise é sempre algo ruim.

CRÉDITO

Crédito é uma palavra que tem origem no crer, onde na época dos viajantes burgueses, a única forma de ter certeza que poderiam ter de volta seus investimentos, ou entregar produtos para posterior recebimento seria a crença no outro, confiança.

Agora que alguns dos conceitos básicos foram apresentados, podemos começar a analisar os porquês da crise econômica mundial, os fatores objetivos e as medidas políticas que impulsionam ou freiam esta crise.
Todos sabem, ou deveriam saber, que o capitalismo é um sistema que possui suas crises cíclicas de superprodução, ou seja, há muito mais oferta que demanda, os preços caem, manda-se gente embora. Os desempregados não possuem verba para continuar comprando, demite-se mais, abaixam-se mais os preços, até o total colapso do sistema. Mas por que ninguém se mete? Essa resposta é fácil de se dar quando voltamos na história e pensamos no grande economista inglês Adam Smith, com sua idéia de haver uma mão invisível que controla o mercado, não sendo este regulamentado por nada nem por ninguém. Quanto menos intervenção no mercado, melhor!

Hoje, é sabido que as coisas não ocorrem desta maneira, tanto que o “new deal” e outros planos econômicos, como a atual, baseada no keynesianismo, prevê a intevenção do Estado na esfera econômica para rebalancear o “jogo” do mercado, quando este não consegue se auto-regular suficientemente a atender todas as demandas do mesmo. Por mais paradoxal que seja, e é, essa é a doutrina dominante, quando sabemos bem que os interesses dos grandes capitalistas, principalmente dos bancos e grandes corporações, são os que de fato regulam o mercado.

DA CRISE ATUAL

A crise atual teve seu início no começo da década de 90, onde por um senso comum norte americano o mercado imobiliário aceitava como Crédito, hipoteca das casas, para o empréstimo de dinheiro. Basicamente o que aconteceu: Antigamente se pagava a festa de 15 anos do filho, comprava-se o carro, reinvistia-se o dinheiro e no final conseguia-se pagar a hipoteca, pois a inflação era baixa o dolar era valozirado e facilitava esse tipo de transação.

Hoje, entretanto, o dolar anda desvalorizado, as pessoas continuaram com suas práticas hipotecárias, a inflação subiu e por consequência, o dinheiro que outrora dava para fazer a lista acima mencionada, no dia seguinte da retirada já não dava para pagar a mesma hipoteca. Com isso, os bancos cada vez mais possuiam títulos hipotecários e as pessoas não tinham como pagar, cada vez mais hipotecando suas casas para poder ter crédito. Qual o resultado? Simples, os bancos passaram a ter mais títulos do que dinheiro em espécie, as pessoas não tinham como pagar nem os refinanciamentos e começou a famosa crise de crédito, pessoas querendo mais empréstimos para pagar as hipotecas anteriores, os bancos sem dinheiro para emprestar e BOOM!!! Crise de confiança (crédito) no mercado internacional e os investidores retirando seus investimentos do mercado de ações, o que paulatinamentefoi acabando com a liquidez do mercado, os dólares sairam de transação e supervalorização da moeda norte america e crise no mundo inteiro.

O que parece estranho não é a crise em si, é o mercado que acreditou por tanto tempo que dinheiro gerava dinheiro, basta saber investir para enriquecer. Que o Estado não há de intervir nos mercados, pois estes se auto regulam, hoje, estejam desesperados pelos planos econômicos interventivos do governo Bush.
Pensemos aqui 700 Bilhões de dólares, o que daria para se fazer com tal quantia de dinheiro? O jornal alemão Der Spiergel já fez tal conta e entre as façanhas está : Combater a fome na África por 10 anos, construir 100 barreiras em torno de Nova Orleans, ou ainda, comprar duas Dinamarcas. Parece brincadeira mas não é, considerando a população mundial de 7 bilhões, daria para dar 100 dólares para cada habitante do mundo, o que é bizarro de se pensar.


Tendo isto posto, é de extrema importância avaliar que esse pacote econômico para tentar salvar o “MUNDO” de mundo não tem nada a não ser os grandes capitalistas, pois enquanto o povo estadunidense estava amargando os altos juros e a impossibilidade de pagar suas hipotecas, os bancos mandavam, e provavelmente ainda vão mandar, na economia mundial, tendo a certeza que no caso de crise, tudo aquilo defendido por eles poderia mudar para seu deleite. Ou uma das medidas para que mais 4 bancos não sumissem do mapa não foi a estatização desses? Quem imaginaria, estatizar... parece até coisa de comunista.

Enfim, o importante é que a queda só continua, o dolar que estava barato, já passou da marca dos R$ 2,10, mais uma vez cito o Smith, é a maldita lei de oferta e demanda, não há previsão, mesmo com tais medidas que o mercado volte a operar bem a curto prazo, apesar do pacote também feito pela União Européia. Deixo como reflexão uma frase do velho Marx, quando este disse “ Ou o socialismo ou a babárie”. Será que hoje, já não vivemos na barbárie?

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